6 de outubro de 2017
Nós realmente respeitamos a diversidade?


Venho analisando esse assunto já faz algum tempo
Para quem não sabe, sou professora de Língua Portuguesa e em minhas aulas trabalho bastante interpretação de texto, na maioria das vezes, com  textos jornalísticos e publicitários, ou mesmo roteiros de filmes, séries, livros e não é raro esbarrar em discursos preconceituosos mascarados pelo famigerado "viva à diversidade"
É claro que, em alguns momentos, esse discurso é bem sutil e é necessária uma inferência aguçada para perceber a ignorância contida no mesmo e por causa de nossa falta de tempo e pouquíssimo hábito de leitura que nos leva, consequentemente, a não saber interpretar as mensagens apresentadas pelas várias mídias, a intolerância pode passar despercebida. 
Um exemplo que usei em sala de aula há pouco tempo, pois fiquei muito enervada com o ponto de vista extremamente machista e até mesmo homofóbico, foi a produção francesa de 2013, Azul é a Cor Mais Quente. Ao questionar meus alunos sobre, não acreditei quando muitos disseram ver aquele filme como uma referência do que seria um relacionamento homo afetivo. 
Sério mesmo, gente?! 
Ao confrontá-los acerca de como o discurso do longa é tendencioso, eles disseram: "Ah, prô, mas ele não está sendo direto!" É óbvio que não! Se o fosse não teria ganho tantos prêmios, ou teria tanta audiência, espero... 
O maior problema aqui está no fato das pessoas, em vez de perguntar a um casal homossexual como é seu relacionamento, afinal, nós sabemos que muitos têm curiosidade, principalmente crianças, adolescentes e até adultos em processo de desconstrução de pré-julgamentos, apenas decidem colocar à tona o que elas imaginam, sendo 90% dos casos, situações irreais e a partir do momento que esse tipo de mensagem é difundida, premiada e ovacionada, o senso comum a categoriza, automaticamente, como "boa" e se é "boa" não pode ser alvo de críticas, nem questionada. 
Adoraria explanar mais a respeito, pois existem inúmeros exemplos (aqui no Brasil mesmo, essa nova Malhação é bem controversa no quesito diversidade), porém escolhi falar do tema com Azul é a Cor Mais Quente por ser uma adaptação que não conseguiu passar a verdadeira inclusão promovida pelo texto original e camuflou isso de maneira até eficaz, dado o número de pessoas que adoram o longa... 
E mais uma vez, volto ao questionamento inicial: será que respeitamos ou queremos mesmo viver a diversidade? Você minoria, mulher como eu, ou negra, negro, homossexual, fora dos padrões estéticos, sente-se representado (a) sem esteriótipos pela cultura atual? Você consegue se ver em alguma personagem cativante? 
Vamos discutir, vamos nos questionar e quem sabe isso nos ajude a ter um olhar mais crítico e menos submisso a esses absurdos. 

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