25 de março de 2025
BEASTARS

 ... e como "o lobo bom" parece ser mais uma obra inspirada em Crepúsculo...


        Conheci a premissa de Beastars através dessa análise do canal Quadrinhos da Sarjeta e achei a história bem interessante, mas sabe quando você sente que já leu ao assistiu algo parecido, e não lembra a referência? Pois bem, assisti ao anime, que está disponível na Netflix, e comentei com uma amiga, e ela me vem com o seguinte comentário: nossa, essa história lembra muito Crepúsculo, só que com animais falantes. E não é que parece mesmo? E eu vou explicar por quê.  

          Beastars  - o lobo bom, como ficou conhecido aqui no Brasil, é uma animação com três temporadas, finalizada esse ano. A série é adaptação do mangá de mesmo nome escrito e ilustrado pela autora Paru Itagaki e têm como protagonista um lobo cinzento, Legoshi, uma coelha anã branca, Haru, e um veado vermelho, Louis, todos cursando o ensino médio na mesma instituição. 



       O mais instigante em Beastars é essa reimaginação da nossa sociedade, agora com animais, ou seja, não existem humanos; e carnívoros e herbívoros coexistem, em tese, pacificamente. Só que, sabendo ser essa uma um espelho da nossa própria sociedade real, a gente já sabe que não é bem assim... Até por que o primeiro episódio da primeira temporada começa com um assassinato: um estudante carnívoro devorou um estudante herbívoro, sendo este último um grande amigo de Legoshi, o que deixará o lobo bom muito desolado e desacreditado de sua "classe". 

        As reviravoltas não param por ai e é nesse momento que o elemento Crepúculo de apresenta na narrativa, isso porque Legoshi vai sentir uma atração irresístivel pela coelha anã branca, Haru, contudo, ela, diferente de Bella Swan não é uma mosca morta, e sim uma verdadeira predadora sexual que não se deixa intimidar por ninguém, muito menos por um lobo cinzento com o triplo de seu tamanho. Haru é uma personagem complexa que tenta driblar uma condição de herbívoro fraco e diminuto sendo uma predadora onde ela consegue: na cama; isso causa a ela muito solidão, visto que as outras fêmeas têm muita raiva e despeito por ela, contudo, para Haru, é melhor estar sozinha do que cercada de pessoas que tenham tão somente pena dela. 



        Legoshi vai entrar em um dilema moral muito grande, pois ele não sabe se sente atração pela coelhinha porque ela é mesmo muito atraente, ou porque ele quer devorá-la, no sentido literal e carnívoro da palavra mesmo. No final da primeira temporada ele consegue ter uma delimitação maior de seus sentimentos, porém, sua estatura e força ainda o assustam muito e ele não se deixa ficar com a Haru por medo de machucá-la e esse medo se mostra totalmente plausível, quando, no começo da segunda temporada, descobrimos quem matou Tem ( o jovem herbívoro devorado no primeiro episódio) e vemos outras situações assustadoras envolvendo um casal formado por uma herbívora e um carnívoro. 

        Beastars é uma obra muito interessante, divertida com diversas reflexões políticas e sociais e  que reflete muito bem, de forma alegórica, o racismo estrutural da sociedade, a luta de classes, a desigualdade e a corrupção, mas juntamente a tudo isso traz também uma nova interpretação do dilema imaginado por Stephanie Meyer, em Crepúsculo, e o faz de uma maneira plausível, linda e super instigante, nossa, é perfeito. 

        Espero que você, fã de Beastars, não veja essa comparação como algo negativo, ela só é o que é. É tolice negar que Crepúsculo não influenciou a produção literária de 2008 para cá e é muito legal encontrar uma obra que o fez de maneira a não testar a nossa inteligência, usando pautas sociais de maneira responsável e nos dando um entretenimento de qualidade que não apenas cumpre a função estética da arte, mas também a catártica, ou seja, nos faz refletir, nos faz avaliar a sociedade ao nosso redor e vê-la com outros olhos. 



        Além do improvável casal, outra personagem de grande destaque na trama é Louis, a trajetória de vida dele, de pequeno cervo vítima de tráfico no mercado ilegal de carne, à filho adotivo de uma das famílias de herbívoros mais rica, poderosa e influente nessa sociedade é cheia de altos e baixos e reviravoltas; sendo bem sincera com vocês nunca teria imaginado o destino que Louis tem na segunda temporada, nunca mesmo. Ele é a pessoa mais lúcida e pé no chão dentre os protagonistas, até porque Louis não pensa apenas em seus dilemas pessoais tal como Legoshi e Haru, ele pensa no todo, no futuro dessa coexistência tênue e facilmente quebrável entre herbívoros e carnívoros e isso, meus querides, é incrível demais. 

        Só posso dizer que Beastars vai deixar saudade e já estou me preparando para adquirir os mangás e analisar a fonte da adaptação que tanto gostei e admirei. E você? Já assistiu Beastars? Gostou? Não gostou? Diz para gente nos comentários. 


20 de março de 2025
Nossos Medos, de Mari Adriano


Olá, pessoal! Mais uma vez, Samu invadindo o espaço da dona Andréa!


Quando eu decidi pôr esse livro na minha listinha de próximas leituras, influenciado pela capa fofinha que mistura cores meio girlie, eu imaginei que a história seria um romancezinho bem água com açúcar daqueles bobinhos. Bem, eu não poderia estar mais errado.

O livro Nossos Medos é a estreia da autora Mari Adriano - e que estreia! Como o próprio título já sugere, ele aborda um tema principal: medos! E isso se desdobra em temas variados muitíssimo importantes nos dias de hoje, tais como ansiedade social, saúde mental, responsabilidade com o meio ambiente, entre outros. Tudo posto de modo muito sensível e competente.

A história tem como protagonistas a Bianca e a Isadora, duas irmãs gêmeas idênticas. Elas passaram a infância e adolescência em Valeiros, uma cidade do interior de Santa Catarina (trata-se de uma cidade fictícia, portanto não perca tempo procurando no mapa😄). Contudo, agora que são adultas, as gêmeas vivem juntas em Curitiba, no Paraná. Sendo assim, essa mudança se deve a dois fatores: no caso da Bianca, ela trabalha na redação de uma revista, além de ser uma influencer de sucesso na internet; já no caso de Isadora, a garota está na faculdade, em vias de concluir o tão sonhado curso de engenharia.

É curioso ver a dinâmica existente entre as duas. Desde sempre a Bianca é uma menina super extrovertida, que faz amizade com todo mundo, gosta de ser o centro das atenções e de estar no controle das coisas. Por outro lado, a Isadora tem uma personalidade oposta, sendo retraída, caseira, daquele tipo de pessoa que prefere passar uma tarde lendo livros em um lugar tranquilo do que aproveitando uma noite na balada.

A fobia social da Isadora é tanta, que desde criança ela vive à sombra da irmã. Sendo assim, elas chegam ao ponto de trocarem de identidade uma com a outra em várias situações. Por exemplo, a Isadora morre de medo de fazer contato com pessoas desconhecidas, então toda vez que precisa passar por uma situação social acaba mandando a Bianca ir em seu lugar, passando-se por ela.

Contudo, a Isadora não é a única "problemática" entre as irmãs. Na medida em que a história vai avançando, nós vamos descobrindo que a Bianca também tem suas próprias questões emocionais, como é o caso dos animais: ela sofre de um medo mortal de qualquer tipo de animal, seja ele qual for. E a situação se agrava quando a revista para a qual Bianca trabalha decide enviá-la para fazer uma matéria em uma fazenda. Aí o caos se instala na vida das meninas e é confusão atrás de confusão!

A forma como a autora desenvolveu tudo isso me surpreendeu bastante. Temos uma narrativa que equilibra perfeitamente situações cômicas e inusitadas com momentos de reflexão profunda acerca dos temas. Nossos Medos é um livro leve, gostoso de ler. A cada capítulo a gente fica com mais vontade de saber o que vai acontecer com as gêmeas (que são personagens super carismáticas) e descobrir como cada uma vai lidar com seus próprios medos.

Gostei bastante dessa leitura! Achei interessante como nesse livro nada é posto apenas "pra encher linguiça". Até mesmo as cenas que, num primeiro momento, parecem estar ali só pra fins de alívio cômico, logo são aprofundadas de forma a causar uma reflexão em nós leitores. E pra mim esse é um dos pontos altos da narrativa. Sendo assim, se você ainda não leu, fica minha recomendação! Tenho certeza que Nossos Medos também vai te conquistar!


18 de março de 2025
ANNE DA ILHA




        Continuando as leituras da série Anne, de Lucy Maud Montgomery, seguimos com o terceiro volume, Anne da Ilha, sendo o mais instigante e arrebatador de todos até agora, pois, é aqui que a nossa ruivinha e sua turma se tornam definitivamente adultos. 

        Anne da Ilha começa nos mostrando o relacionamento amistoso entre a protagonista e Gilbert: enquanto o rapaz é completamente apaixonado por ela e têm a torcida de Avolea inteira a seu favor, Anne insiste em dizer que são apenas amigos, mas ela tem bastante ciúmes dele... 

     Nesse livro acompanhamos uma nova "curva no caminho" de nossa querida ruivinha, pois a mesma já estava resignada em permanecer lecionando em Avolea até receber uma carta relatando a morte de tia Josephine e uma surpresa: a boa amiga deixou-lhe uma herança que lhe permitirá ingressar na universidade! 

    Os preparativos para esse novo capítulo na vida de nossa sonhadora começam, as despedidas e, claro, os comentários de algumas línguas ferinas e invejosas contrárias à educação superior para mulheres e, principalmente, contrárias ao sucesso da brilhante Anne que deixa no chinelo todos de sua geração em Avonlea, salvo Gilbert Blyte...

       Obviamente sair da Ilha do Príncipe Eduardo, mudar-se para o continente, morar em uma pensão e iniciar o curso superior são tarefas alegres e muito animadoras para a nossa garota, que sempre encara tudo com muita disposição, boa vontade e alegria. Ao longo de seus quatro anos em Redmond College, nossa Anne da Ilha fará novas amizades para a vida toda, será dama de honra de dois casamentos e partirá três corações (sim, um deles é uma ofensa ao fandom...).

    Ademais, nossa heroína vai trilhar o caminho da literatura e se destacar na sociedade estudantil enquanto permanece sonhando, apesar de não encontrar mais tanto poder na imaginação, e ver suas "almas irmãs" distanciarem-se dela a medida que crescem... 

     Anne da Ilha tem muitas reviravoltas, dramas e acontecimentos "de dar aperto no coração", mas, como sempre, Lucy Maud Montgomery o faz de forma leve, não exagerando em descrições, o que, em alguns momentos específicos, tornar-se uma falha, visto que o leitor ávido gostaria de mais detalhes e maior aprofundamento na narrativa. 

     O desfecho da trama de Anne da Ilha começa frenético e termina de forma poética e inspiradora! Como sempre, "tudo fica bem quando acaba bem" e mesmo as cabeças mais duras, como a de nossa Anne, enxergam isso quando querem e conseguem aproveitar as oportunidades quando elas batem à porta. 

11 de março de 2025
Luz que fenece

 ... quando se chega ao fundo do poço, a única ação que resta é subir... 



        Acho que a essa altura do campeonato já deve ter se tornado piada o fato de eu ser bem marcha-lenta no quesito ler/assistir obras que quero muito. Sei lá o que acontece no meu cérebro ansioso, gente! Só sei que eu acabo protelando as coisas por anos, e foi o que fiz com Luz que fenece, da autora Barbara Baldi, a qual comprei na pré-venda em 2019! 

        Clara é uma jovem pianista com uma carreira promissora pela frente. Ela vive no countryside britânico com sua avó, a irmã mais velha e alguns fiéis empregados. A vida dela é boa e tranquila, sem grandes preocupações, até que a morte repentina de sua avó vai mudar tudo. 

        Luz que fenece, como o título deixa bem claro, vai nos fazer acompanhar um árduo caminho da protagonista Clara, afinal, ela, que antes tinha uma vida feliz e pacata, será obrigada a suportar uma carga pesadíssima e vai vendo pouco a pouco sua luz, seu brilho, se apagando. As desventuras começam após a abertura do testamento de sua avó, no qual a velha senhora deixou toda a sua fortuna em dinheiro para a neta mais velha e a propriedade da família para a neta mais nova, Clara. Por incrível que pareça isso deixou a irmã da jovem furiosa! Ela viu como uma afronta o fato de não ter ficado com a propriedade da família e vai embora com raiva da irmã e leva junto todo o dinheiro. 

        A partir desse evento, Clara se vê em maus lençóis, pois precisa administrar uma propriedade rural, com suas criações e plantações só que sem recursos financeiros. Logo, ela abandonará a promissora carreira de pianista e aos poucos vai perdendo todas as esperanças de que um dia poderá recuperar a glória da família, pois em seu caminho ela só vê decadência e mais decadência, mas como eu disse lá em cima: quando se chega ao fundo do poço, a única ação que resta é subir, por isso, Clara ainda terá algumas surpresas positivas em seu caminho... 

        Luz que fenece é uma história curtinha e muito bonita que, apesar de triste, consegue, em seu final, trazer uma mensagem positiva. Barbara Baldi criou uma narrativa singela, mas linda de se ler. Cada quadro é uma obra de arte e as paisagens congeladas que ela pinta são deslumbrantes e conseguem emular muito bem a desolação à qual Clara está imersa. Mais um obra da editora Pipoca & Nanquim que tive o prazer de adquirir e apreciar, a edição está belíssima e com a qualidade maravilhosa que já é marca registrada deles. Com certeza essa é uma obra para ler, refletir e apreciar. 

6 de março de 2025
Corte de Névoa e Fúria - Sarah J. Maas

 Olá, pessoas! Samu aqui!



    Seguindo a trilogia das cortes de Sarah J Maas, vamos agora falar um pouco do segundo livro da série: Corte de Névoa e Fúria. Se você não conhece a história e não sabe do que ela se trata, eu recomendo a leitura da resenha do livro 1, chamado Corte de Espinhos e Rosas, clicando aqui. Sendo assim, nessa sequência a gente continua acompanhando Feyre naquela narrativa em primeira pessoa meia boca.

    Depois de resolver as questões com Amarantha (a vilã do primeiro livro) e salvar toda Prythian, Feyre volta para a Corte Primaveril para finalmente viver em paz com Tamlin, o loirão sarado amor da vida dela. É difícil evitar spoilers dessa parte introdutória da narrativa, mas vou tentar não revelar nada que comprometa sua experiência, caso você ainda não tenha lido. Em suma, entenda que Feyre e Tamlin vão seguir com o relacionamento deles até o ponto de marcarem o casamento. Contudo, por causa de algumas coisas que eu não vou contar aqui, no dia do casamento vai dar um xabu dos grandes.

    A Feyre vai se mudar para a Corte Noturna, cujo Grão-Senhor é ninguém menos que Rhysand, um dos vilões que estavam a serviço de Amarantha no livro anterior (aquele cara bizarro que drogava a menina e a colocava para dançar pelada na frente da corte inteira todos os dias). Pois é, esse cara vai recrutar Feyre para sua corte e, aos poucos, eles vão se tornar amiguinhos. Rhysand mais uma vez vai mostrar a verdade para nossa protagonista: Prythian está às vésperas de uma guerra das piores que o mundo já viu.

   Existe uma ilha a oeste de Prythian chamada Hybern, governada por um rei que almeja dominar todas as sete cortes. E para alcançar este objetivo o rei de Hybern possui um grande trunfo: ele tem o Caldeirão, um instrumento mágico extremamente poderoso, capaz até mesmo de derrubar a muralha que separa o mundo dos feéricos e o mundo dos humanos. A ameaça é iminente, portanto, Rhysand e seu Círculo Íntimo (composto por Feyre, Morrigan, Cassian, Azriel e Amren) vão sair em busca das partes de um livro mágico capaz de anular a força do Caldeirão.

   Esse livro é bem melhor do que o primeiro. Eu até achei uma boa premissa e as cenas de ação são bastante empolgantes. Aqui a gente tem um objetivo definido, os personagens sabem o que eles precisam fazer, diferente do livro anterior em que a Feyre simplesmente vivia um romance e nada de muito perigoso acontecia na maior parte da história. Mas, aquelas cenas “hot” de pornografia continuam lá. Se você não gosta desse tipo de leitura com descrições explícitas de sexo, alguns capítulos você pode pular numa boa (o capítulo 55, por exemplo, são páginas e páginas apenas de sexo).

   O final de Corte de Névoa e Fúria me deixou um pouco curioso para saber o que acontecerá com esses personagens. Porém, o próximo livro é outro baita calhamaço, quase 700 páginas, então vai demorar para termos aqui uma nova resenha dessa história. Estou me preparando psicologicamente para essa leitura e a conclusão da trilogia.


4 de março de 2025
MINHA SOMBRIA VANESSA

 


    Dedicado pela autora, Kate Elizabeth Russell, à todas as Dolores Haze (nome da personagem vítima de abuso no livro Lolita), Minha sombria Vanessa é um soco no estômago: doloroso, incomodo e surpreendente. 

    Transitando entre o passado (2001, 2002 e 2003) e o presente (2017), narrado em primeira pessoa, Minha sombria Vanessa nos apresenta à Vanessa, uma mulher de 32 anos marcada pelos abusos sexuais e psicológicos que sofreu nas mãos de um professor nojento. 

    O pior de tudo é que o pedófilo em questão era seu professor de Literatura, aproveitando-se da fragilidade típica da adolescência, da timidez e da falta de amigos de Vanessa, o professor, Sr. Steane, começa dia após dia a envolver a jovem e isolá-la ainda mais de tudo e de todos, tornando-a muito mais introspectiva, tirando-lhe oportunidades, afastando-a da família. 

    O centro da vida de Vanessa torna-se o professor pedófilo. Ela, infelizmente, acredita estar em um relacionamento legítimo e, na vida adulta, mantem essa convicção como uma forma de auto preservação, pois, para ela, é inadmissível se ver como uma vítima; Isso a faria ter a terrível constatação de que 17 anos de sua vida foram perdidos, jogados no lixo que eram as mãos daquele pedófilo. 

    Ao longo de Minha sombria Vanessa há várias citações simbólicas do livro Lolita: é um dos primeiros livros que Steane empresta à jovem; ela sempre fala dessa história para justificar certos momentos e sentimentos bizarros em seu "relacionamento"; além da terrível semelhança entre Vanessa e Lolita, duas jovens interrompidas. 

    A primeira poderia ter tido uma carreira acadêmica brilhante, mas acaba trabalhando na recepção de um hotel em sua cidade natal; a segunda poderia ter sido uma estrela do Tênis, mas casa-se muito cedo, engravida e morre de parto. Como dito antes, Minha sombria Vanessa é um livro incômodo. É muito triste ver como a protagonista afunda cada vez mais em sentimentos e situações sufocantes e deprimentes tudo porque um maldito pedófilo entrou em sua vida. 

    No presente, Steane está sendo acusado de abuso sexual por outras ex-alunas o que deixa Vanessa ainda mais confusa. Minha sombria Vanessa é um mergulho na memória de uma vítima de abuso sexual na adolescência. É importante entendermos o quão difícil é para essas pessoas aceitarem que foram vítimas, para Vanessa, isso é algo degradante, por isso ela tem memórias seletivas e faz uso de entorpecentes para aplacar uma dor que ela nem mesmo reconhece como tal...

    A autora Kate Elizabeth Russell levou quase vinte anos para concluir Minha sombria Vanessa e todo esse trabalho valeu muito a pena, pois essa é uma obra que denuncia pedofilia e nos mostra todos os passos de um predador sexual e as consequências de suas ações para a vítima. 

25 de fevereiro de 2025
HEARTSTOPPER VOL. 1, 2, 3, 4 E 5

 


      Não sei vocês, mas eu sou completamente apaixonada pela história de amor criada por Alice Oseman. Que mulher, que escritora! Sério! Charlie e Nick se tornaram fácil, fácil meu casal literário favorito. Tudo em Heartstopper é lindo, delicado, terno. Ah! que quentinho no coração poder falar desta série de quadrinhos tão querida! Espero que eu consiga trazer vocês para esse lado colorido, lindo e cheio de amor da força! 

      Conheci essa obra através da adaptação homônima da Netflix e fiquei encantada desde o trailer. A história de amor de Charlie e Nick e as histórias de seus amigos me conquistaram muito e quando uma amiga perguntou o que eu gostaria de ganhar de presente de aniversário em 2023,fui categórica: quero os quadrinhos de Heartstopper! E ela me deu mesmo! (obrigada, Adenis, sua linda!) Desde então tenho sido o mais marcha lenta possível na leitura porque não queria que acabasse, só que Alice Oseman já anunciou o término da série no 6º volume, por isso decidi falar um pouco do que achei de cada narrativa até aqui. 



Charlie Spring é um garoto introvertido que começa o Ensino Médio sofrendo muito bullying por ser gay; Nick Nelson é um garoto super popular, extrovertido, cheio de amigos com uma vida aparentemente perfeita. Os dois se conhecem na escola e iniciam uma amizade que logo se torna uma paixão platônica por parte do primeiro, e algo que gera grande insegurança e ansiedade para o segundo, visto que até então Nick se considerava hétero. Esse primeiro volume desenvolve essa amizade entre os dois e também nos apresenta aos amigos deles que não pessoas igualmente incríveis. 



Em Minha pessoa favorita, temos um foco maior em Nick e na descoberta e aceitação por parte dele de sua bissexualidade. Ao longo do enredo o vemos entender-se e aceitar os sentimentos que nutre por Charlie. Nesse volume, inclusive, a paixão deixa de ser platônica e eles começam a namorar, mas, por enquanto, em segredo, já que como foi "tirado do armário" à força e sofreu muito por causa disso, Charlie em momento algum pressiona Nick para que eles tornem pública a relação, muito pelo contrário, ele apoia o namorado nesse momento.




Um passo adiante começa com uma viagem de férias a Paris. Nesse capítulo, a trajetória de Charlie e Nick começa a ganhar tons um pouco menos fofinhos e "leves" visto que é nesse volume que descobrimos o distúrbio alimentar desenvolvido por Charlie. Eles ainda se divertem muito, ainda têm momentos lindos como casal e ao lado dos amigos, mas a sementinha de algo muito sério está lá e achei que a maneira como Alice Oseman trouxe essa temática, esse alerta, foi muito interessante e responsável.



De mãos dadas foi uma leitura difícil. Assisti primeiro a temporada da série na Netflix, por isso já estava meio preparada para o sofrimento de Charlie, mas, ainda assim, ler sobre a luta dele com seus transtornos mentais foi doloroso demais! Charlie é uma pessoa tão querida! Não queria vê-lo passar por tantos momentos desoladores. A mãe dele na hq é menos truculenta do que na série, porém, ela lida com a situação de um modo que acaba piorando as coisas para o filho. A relação dele com Nick continua mais forte do que nunca, contudo nosso querido golden retriever não pode fazer muito mais do que estar ali dando suporte emocional ao namorado enquanto ele passa por um período de internação. 

Mais fortes juntos se passa alguns meses após o retorno de Charlie de sua internação no hospital psiquiátrico. Agora, eles já estão no final do ano letivo e Nick precisa pesquisar faculdades e está completamente desesperado porque quer estudar em uma que fica mais longe, mas não quer se afastar de Charlie. Em contrapartida, eles também estão vivenciando novas experiências no campo sexual e têm algumas primeiras vezes... Esse volume, fica bem claro o discurso de que você não pode deixar que toda a sua vida gire em torno da de uma outra pessoa. Relacionamento não é isso. Amar alguém não significa se anular pela outra pessoa ou perder sua identidade por ela. É muito interessante e fofo ver como Nick e Charlie percebem isso de forma genuína e carinhosa. Não há ressentimentos ou abusos entre eles. Eles se amam e querem ver o outro feliz, logo, se Nick será mais feliz estudando a quase 5h de distância, eles vão ter um relacionamento à distância e se Charlie, daqui um ano, quiser estudar em outro lugar, ok. Amor é isso. Acho que a grande mensagem aqui é: você não precisa ficar grudado 24h por dia na pessoa que ama para provar o seu amor. Amar também é deixar ir. 


        Gostaria que tal como em Anne de Green Gables, pudéssemos acompanhar esses dois até ficarem velhinhos! Alice Oseman criou uma das histórias de amor mais lindas que já tive o prazer de ler e sem dúvida Heartstopper sempre terá um lugar especial no meu coração e ainda farei muitas releituras no futuro. Agora é esperar o último volume chegar e saboreá-lo aos pouquinhos.